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No âmbito do Departamento de Arquitetura e Urbanismo do ISCTE, apresenta-se a criação do curso de verão “Construir no Sul”.

Tomando como ponto de partida o trabalho em desenvolvimento ao nível dos últimos anos do Mestrado Integrado, relativo às intervenções em Sines, considera-se oportuno lançar um ciclo de estudos específico, a funcionar de modo concentrado, em formato de curso de verão, onde possam ser debatidos e experimentados de modo conceptual, os critérios e os contornos de intervenção no Sul de Portugal.

As características deste território de influência mediterrânea foram exploradas, em vários momentos da história como laboratório de síntese da cultura arquitectónica moderna. No plano nacional pode destacar-se o trabalho realizado por George Kubler que, na década de 1970, traçou uma leitura sobre o Sul enquanto receptáculo de influências provenientes de outras áreas culturais com a Flandres ou Espanha - o estilo chão, “entre as especiarias das índias e os diamantes do Brasil”, corresponde a uma resposta a factores conjunturais de ordem político, militar e religioso, que se materializou na expressão de uma arquitectura despojada, que se emancipou diante regras clássicas e das normas académicas, provenientes da tratadistica italiana. O Sul foi também o território de pesquisa de Raul Lino, colecionando no início do século XX, nas viagem com Roque Gameiro, a expressão em estado puro da arquitetura meridional – argumento fundamental da sua obra. Mais recentemente, o Sul foi tratado por arquitetos como Siza Vieira, no bairro da Malagueira, ou Vítor Figueiredo no pólo universitário da Mitra, como suporte conceptual de um itinerário arquitetónico onde a expressão do tempo longo, capaz de unificar o passado e o presente, se materializou como fundamento inequívoco da arquitetura portuguesa contemporânea.

Este curso de verão pretende mergulhar nestas inquietações, envolvendo os alunos numa reflexão e experimentação projetual em torno do território do Sul, definido na expressão do seu povoamento concentrado, das suas extensas áreas não edificadas e da monotonia e horizontalidade da sua geografia.

O desenvolvimento de uma leitura crítica sobre a teoria da Arquitetura contemporânea será a base para munir os inscritos de ferramentas de projeto que essenciais à prática da profissão, nomeadamente em temas como: implantação, tipologia, limite e dicotomia luz sombra.

O evento decorrerá de 27 de junho a 1 de Julho. O programa do evento está organizado de forma a que, nos períodos da manhã, se realizem o conjunto de workshops orientados e, nos períodos da tarde, estes complementam-se com conferências em torno da temática central do evento, realizadas por personalidades convidadas relevantes.

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Coordenação e organização,

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Arquiteto Paulo Tormenta Pinto

NAU - Núcleo de Estudantes de Arquitectura e Urbanismo do ISCTE-IUL

Bibliografia básica

 

BUINHAS, Marco (Ed.) (2006) Gonçalo Byrne, Geografias Vivas , Edições da Ordem dos Arquitectos Portugueses, Lisboa.
CURTIS, William (1994) “Álvaro Siza: Una Arquitectura de Bordes”, em El Corquis Álvaro Siza 1958-1994, Madrid.

DIAS, Manuel Graça (Coord.) (2001) JA- Jornal Arquitectos – A Arquitectura Chã Portuguesa, no 200, Março/Abril, Lisboa.
GRAÇA, João Luís Carrilho (2003) Carrilho da Graça,Opere e Progetti, Electa, Milão. Grande, Nuno (2009) “ Theatres of the world” em El Corquis Eduadro Souto de Moura

(2005-2009), Madrid.
LOPES, Diogo Seixas et al (2005) Aires Mateus, Almedina, Lisboa.
KUBLER, George (2005) A Arquitectura Portuguesa Chã – Entre as Especiarias e os Diamantes (1521-1706). 2a edição Nova Vega, Lisboa.
PINTO, Paulo Tormenta (2015) “Vítor Figueiredo, Habitações económicas para o maior número” em MALDONADO, Vanda; BORGES, Pedro Namorado (Eds.)- Vítor Figueiredo – Projectos e obras de Habitação Social 1960-1979, Circo de Ideias, Porto. ISBN 978-989-99184-1-2 (pág. 148-153). 

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